Conhecendo os Dois Livros de Samuel

Os dois livros de Samuel, formam uma narrativa da história de Israel mostrando sobre a a transição do tempo dos juízes para a constituição da monarquia e como Deus escolhia homens para reinar em Israel, além de mostrar como Deus se revela em meio às conquistas e derrotas de seu povo.

As narrativas desses livros se passam entre 1.100 e 970 a.C, desde o nascimento de Samuel até o término do reinado de Davi. Mas, nessas narrativas, o cenário espiritual da época é o aspecto para o qual devemos nos atentar. Em Israel, a idolatria e a imoralidade eram pecados dominantes em meio ao povo (1Sm7.3). Os filhos do sacerdote Eli cometiam pecados degradantes e mesmo com Eli tendo conhecimento (1Sm 2.29), seus filhos não eram disciplinados. Eli passou a honrar mais os filhos desobedientes do que ao Senhor Deus e isso trouxe consequências espirituais sérias para Israel: religiosidade aparente, espiritualidade superficial e um sacerdócio descomprometido com Deus (1 Sm 2.22,23).

Existem muitos personagens mencionados nos livros de Samuel, mas os principais são: Samuel, profeta chamado por Deus desde a infância, sacerdote do Senhor e o último dos juízes de Israel; Saul, da tribo de Benjamim e que veio a ser o primeiro rei de Israel por escolha soberana de Deus, mas em resposta aos clamores soberbos do povo; e Davi, que embora não tendo sido o primeiro foi o mais destacado rei de Israel, com quem Deus firmou pacto de perpetuar seu reinado para sempre – o que de fato terá cumprimento escatológico em Jesus Cristo, “o filho de Davi” (Mt 1.1; 12.23; Ap 22.16).

Os livros de Samuel nos mostram que os líderes do passado não eram infalíveis e aprendemos que devemos servir, adorar e amar a Deus de todo o coração, apesar das circunstâncias adversas. “Obedecer é melhor do que sacrificar” (1Sm 15.22b). Nem mesmo a simbólica presença da arca de ouro ou o sacrifício de animais podiam garantir por si só a prosperidade do povo, se o povo não demonstrasse lealdade para com o Senhor e compromisso com a aliança firmada com Ele.

É importante ressaltar que estes livros mostram o estabelecimento profético da dinastia de Davi, que foi uma ordem do Senhor. Deus é quem dá ordem ao rei, ao povo, ao profeta; é quem exalta, escolhe e abate, pois Ele é soberano, portanto existem sérias consequências por não obedecer à Deus. No caso do povo de Israel, a quebra de aliança dos reis que vieram depois, causou destruição, humilhação e cativeiro.

Podemos ver, portanto, que os livros de Samuel são muito mais que uma narrativa histórica do estabelecimento da monarquia; são Palavras de Deus para nos ensinar sobre a importância da obediência, fé e fidelidade ao Senhor, mesmo que em tempos de crise moral e espiritual, aliás, por que não dizer, principalmente em tempos de crise moral e espiritual.

Que o Espírito do Senhor nos ensine e inspire através dos livros de Samuel a podermos ser obedientes e fiéis mesmo em meio à uma sociedade corrupta, profana e infiel à Deus. “Tudo o que dantes foi escrito, para o nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4).