A Parábola do Samaritano Acerca do Amor ao Próximo

Com que objetivo Jesus contou esta parábola?
Dentro do contexto hermenêutico, nos dias de Jesus, os judeus que ouviam suas mensagens eram pessoas de costumes e cultura simples, diferente de nossa época tecnológica. Todavia as palavras de ensino permanecem as mesmas para quem desejar participar do Reino de Deus.
Porém, tanto para aquela época como agora, é preciso que se tenha entendimento da revelação da Palavra para melhor interpretação. Vemos que esse doutor da lei, conhecia o que estava escrito no mandamento da lei de Deus, porém não vivenciava seu ensinamento. Um exemplo marcante disso, é que eles como ensinadores da lei “fechavam aos homens o Reino dos Céus” e “desprezavam o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé” (Mt 23.13,23). Ainda, censuravam a Jesus por ensinar e praticar o bem ao próximo. Esta foi a maior questão que eles tiveram com Jesus, porque Ele se compadecia do próximo, curando os enfermos e doentes, até mesmo no sábado, sendo por isso condenado por eles (Mt 12.10; Mc 3.1-4).
Jesus elogiou o conhecimento que o doutor da lei tinha das Escrituras quando citou Deuteronômio 6.5: “Amarás ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, e de toda tua força, e de todo teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo”; mas replicou-lhe Jesus: “Respondestes bem, faze isso e viverás” (Lc 10.28).
Como explicou o Apóstolo Paulo, os religiosos do Antigo Testamento, doutores da lei, escribas, fariseus, saduceus e sacerdotes conheciam a lei e se afirmavam na letra, mas não tinham o Espirito, porque “a letra mata, e o Espírito vivifica” (2Co 3.6). Por esta razão não entendiam o significado espiritual dos ensinamentos do Mestre.
Jesus, porém, disse aos seus discípulos porque lhes falava por parábolas: “Por isso, lhes falo por parábolas, porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem” (Mt 13.13). Aquele doutor da lei não cria que Jesus era o Filho de Deus, logo a sua pergunta sobre “que farei para herdar a vida eterna” (v.25) não era sincera, mas uma astuta cilada para pegar Jesus em alguma falha para poder lhe incriminar perante o sinédrio judaico. Nesta corte, Jesus mais tarde viria a ser condenado pelo sumo sacerdote, sem nenhuma prova (Lc 22.66-71).
Em tudo que dissemos, fica provado que o clero religioso judaizante não amava o próximo, mas o legalismo religioso que eles estavam investidos em seus cargos ministeriais. No texto de Marcos 12.33, parte b, diz: “... amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios”. Eles determinavam que se cumprisse a lei, mas eles mesmos não faziam, pois não amavam o próximo. Em Romanos 13.8 diz: “Quem ama o próximo cumpre a lei”. Os religiosos foram chamados por Jesus de hipócritas que exerciam missões sagradas. “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus" (Mt 15.6-7; ;Mc 12.15).
Por esta razão, Jesus depois de transmitir a mensagem da parábola do samaritano perguntou ao doutor da lei: “Qual, pois, desses três: o sacerdote, o levita ou o samaritano te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores”? A resposta dele, acertadamente foi: “O que usou de misericórdia”. Então disse-lhe Jesus: “Vai e fazes da mesma maneira” (Lc 10.36-37). Isto prova que Jesus sabia que ele, mesmo sendo ensinador da lei não praticava a lei, antes, exigia que os outros o fizessem.
De acordo com o ensinamento de Jesus nesta parábola, o que fica claro é que o próximo é toda e qualquer pessoa de quem podemos nos aproximar e praticar a caridade. Nos dias de hoje, mesmo se a pessoa estiver distante, se tivermos conhecimento de sua carência pela internet ou mídia social. O que importa é nos dispormos é socorrer com amor verdadeiro e generosidade e atender sua real necessidade. Isto sem levarmos em conta as diferenças religiosas e culturais da pessoa.
Pelo ensinamento de Jesus nesta parábola que o doutor da lei não entendeu, só existe realmente caridade se houver demonstração de amor. Isto fica evidenciado no diálogo de Jesus com o doutor, que amava a Deus e desprezava o próximo. Foi o que Tiago depois escreveu na sua epístola: “Tu crês que há um só Deus? Fazes o bem” (Tg 2.19). “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis” (Tg 2.8). E ainda disse mais: “Aquele, pois, que sabe praticar o bem e não o faz comete pecado” (Tg 5.17).
Que Deus nos ajude a nos compadecermos do próximo, principalmente da necessidade espiritual. Os verdadeiros filhos de Deus, foram salvos para realizarem as boas obras com verdadeiro amor (Ef 2.10; Tg 2.14-17). Devemos sempre lembrar que Deus nos amou primeiro, de tal maneira que deu Seu Filho unigênito por amor de nós (Jo 3.16).