A Doutrina de Santidade Levítica aprimorada no Novo Testamento

Por 430 anos as gerações dos descendentes das 12 tribos dos filhos de Jacó viveram sob o regime imposto pela escravidão do Egito. Durante todo esse tempo, eles viveram cercados dos costumes religiosos pagãos daquele povo que idolatrava a criatura e desprezava o verdadeiro Criador. Esse fato levou os hebreus, ao longo de todos esses 430 anos, a conviverem com essa abominação e isso contribuiu para o esfriamento da fé de muitos deles ao Deus Único e Verdadeiro (Ex 20.1-5; Lv 26.13-15). E como diz Romanos 1.25: “Pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém”. O Panteão [1] Egípcio parecia mais um zoológico do que um local de reverência aos seus deuses.

Para combater esse mal, Deus se revelou perante o seu povo, através de Moisés, como o Grande “Eu Sou”, não só para libertar Israel, mas, principalmente, dar prosseguimento as alianças feitas com Abraão, Isaque e Jacó e cumprir a promessa que lhes dera da Terra prometida (Ex 3.13-17; Lv 26.13.15). Devido a situação em que se encontrava o povo israelita, Deus mandou Moisés escrever o livro de Levítico para ensinar a maneira de como eles deveriam adorar e servir ao único Deus verdadeiro e erradicar o seu povo desse marasmo religioso idólatra, que é abominável ao Senhor.
Em Levítico, podemos concluir que a adoração que os israelitas deveriam prestar ao Senhor de nada adiantaria sem a santificação, pois só dessa forma resultaria no serviço para o Reino de Deus. Aqui está o foco da sua mensagem. Esses princípios teológicos e devocionais de Levítico são eternos e eram necessários para os crentes israelitas, ontem, e continuam sendo imprescindíveis para os cristãos, hoje: “Mas, se me não ouvirdes, e não seguirdes todos estes mandamentos, e se rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma se enfadar dos meus juízos... para invalidar o meu conserto... (v. 18) E, se ainda com estas coisas não me ouvirdes, então, Eu prosseguirei em vos castigar sete vezes mais por causa dos vossos pecados” (Lv 26.14.,15,18).
Deus ao tirar o povo de Israel do Egito, os elegeu para ser uma nação santa: “E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo” (Ex 19.6). “Porque Eu o Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que Eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo” (Lv 11.45). Através da doutrina de Levítico, Deus queria conscientizar Israel de sua vocação divina: “E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo e vos separei dos povos, para serdes meus” (Lv 20.26). Assim sendo, toda a nação de Israel era uma congregação do Senhor, onde o Senhor podia manifestar a Sua glória ao povo, quando se reunissem diante do Tabernáculo (Lv 9.23).
O costume da crença pagã dos egípcios de atribuir divindade a criatura, como os animais, tinha como ritual fazer marcas em seus corpos e em suas cabeças cortes de cabelos e barba específicos, como dedicação a seus deuses, e isso era coisa abominável ao Senhor (Lv 19.1,27,28; 21.5; Dt 14,1). Por isso, foi dada a doutrina de Levítico, porque Deus condenava essa prática demoníaca entre o povo de Israel, o qual foi liberto para ter sua vida santificada ao Senhor (Lv 11.44-46). Os Israelitas deviam saber que sendo povo do Senhor, deviam consagrar-se para Deus, só a Ele adorar, oferecer-lhe sacrifícios e celebrar as solenidades pelos Seus grandes feitos (Lv 1.2-3; 23.2-9-22). O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus. Nós os crentes, somos filhos por adoção e devemos por isto, adorar o Senhor e só a Ele prestar culto racional (Jo 4.23; Rm 12.1-1).
Tal como aconteceu com Israel, os cristãos são o corpo de Cristo que formam a Igreja: “Mais vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (1Pe 2.9). Na realidade os cristãos são a Israel espiritual de Deus, como está escrito: “E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa” (Gl 3.29). Se o livro de Levítico serviu para doutrinar o povo israelita, serve também para advertir os cristãos. A palavra de exigência que o Senhor fez ao povo israelita para se santificar é a mesma que Ele faz para os cristãos, de forma mais aprimorada no Novo Testamento.
Se Deus elegeu os israelitas e disse para eles: “E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv 20.26); isto serve para os crentes, hoje; pois a Palavra do Senhor é eterna e nunca mudará, como está escrito: “O céu e a terra Passarão, mas as minhas Palavras não hão de passar” (Mt 24.35). Se Deus tinha zelo pelos israelitas com relação ao seu corpo, quanto mais com os crentes que são o templo do Espírito Santo. Em 1Co 6.20 diz: “... glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertence a Deus”.
Como pudemos observar no Novo Testamento, são muitas as exortações que o Senhor faz aos crentes, a andarem em santidade. Vemos em Efésios 4,17: “E digo isto e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade do seu sentido”. Paulo faz o seguinte apelo: “Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus... de que maneira convém andar e agradar a Deus. Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação... que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra” (1Ts 4.1,3-4). Em outras epístolas Paulo continua exortando os crentes a andarem em santidade, como em 1Co 6.15: “Não sabeis vós que os nossos corpos são membros de Cristo... (v.19) Que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos”.
O Apóstolo João nos adverte acerca de seguirmos uma vida santa, ao escrever em 1Jo 3.2-3: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é o veremos”. Em João 2.15 diz: “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo o amor do Pai nele não está... (v.20) Fostes comprados por bom preço”.
Os mandamentos do Senhor começam dizendo para não termos outros deuses diante dEle nem fazer para nós imagem de escultura, nem de alguma coisa semelhante. E não encurvar a elas e nem as servir; porque o Senhor nosso Deus é zeloso (Ex 20.3-5). Em Deuteronômio 32.21 diz: “A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me provocaram a ira”.
-------------------------
[1] O panteão egípcio é o conjunto de deuses e deusas adorados no antigo Egito. As crenças e rituais que cercam essas divindades constituíram o núcleo da antiga religião egípcia, que surgiu em algum momento na pré-história. Os egípcios cultuavam divindades que representavam forças e fenômenos naturais, realizando sacrifícios e rituais para apaziguá-las, garantindo que essas forças continuassem funcionando de acordo com uma ordem divina ou conforme a maat, um conceito, personificado por uma deusa de mesmo nome, que representa a verdade, equilíbrio, ordem, harmonia, lei, moralidade e justiça. Após a fundação do estado egípcio em torno de 3100 AC, a autoridade para realizar essas tarefas foi controlada pelo faraó, que afirmou ser o representante das divindades e gerenciou os templos onde os rituais foram realizados.
fonte: Wikipedia